Como se fosse brincadeira
Esse negócio de
Suturar o ouvido
Como se fosse
O primeiro tiro
Esse negócio de
Amar a filosofia
Esse negócio de
Armar quem nunca
Te ouve.
À Carlito Azevedo
Perdi a minha mãe faz sete anos. Sete anos sem Liana Monteiro. Nada me distrai quando falo dela. Nada fala para uma filha sozinha, a ouvir o ventilador, com a casa arrumada e sem nada a fazer a não ser, tatear memórias, todas no fundo dela, todos os poetas, todos os Carvalhos Neto.
Quando se perde uma mãe, torna-se orfão. Quando perde-se um irmão a vida continuar. Não há depressão que não fale de amor. Não há terrorista que cale o grito de chamá-la, mais um vez, somente pelo seu perfume de rosas, de um pó no fundo do caixão. Não há saravá. Não há nada de espetacular na morte e ao lado dela. Há somente este eterno tentar, estudar, saúde e nada.
Um irmão perde-se no metrô.
Não há harmonia que
Desapareça
No samba.