18 de mai. de 2012

monotemática

Onde eu me faço só Deus irá dizer. Onde eu me deixo: nas notícias de todos que não recebo mais, no esquecimento de uma tarde no que nunca disse naquele resto de hora em que estávamos ali. Hoje sou uma câmera de imagens que giram feito um caleidoscópio, diálogos recortados e remonto nas noites insones. Sou o pânico das manhãs nubladas, sou o que me deixo por aí e hoje não me olho tanto de frente. 
Haverá dias que passaram tão rápidos, o eco dos tempos e sempre a mesma sensação que estou um pouco além do que deveria ser presenciado. Sou o capítulo que ninguém leu ainda, o rascunho de um presente que poucos se interessariam em ler, estou certa. Só não sei onde que foram parar os olhares que repriso nos intervalos das horas, as promessas que me fiz num dia qualquer, toda insolitude do que julgava por certo e que nunca veio, pelo menos não por agora e sempre. 

Faz tempo que não ouço o som de determinados nomes, aquele som que se achava no bater certos dos ouvidos. Os filmes inacabados, os poucos objetos que me retém, as pontas dos dedos que tocam tão pouco a superfície do inerte presente. Já sei tão pouco do que sabia.

Qual é a tua cor favorita? É que não sei mais como perguntar e se questionarem do que tenho vivido, completo que de ar; Respiro e espero o próximo compasso dos tempos. Agora já não é mais o que era pra ser, mas do dourado se tiram o ouro, não o contrário, suspendo na mão os reflexos do que insiste em me acompanhar. E é para que seja o mínimo mais profundo do que resto de tudo e, neste exato momento, se me perguntarem da palavra "liberdade" apenas olharei muda para os meus sapatos no canto do cômodo, guardados displicentemente como quem se cansa um pouco de andar, como quem vai ao todo torto e contrário das regras de otimismo e não se sente tão amargurado dos revezes de algum tempo. O que me falta, o que me incompleta, o que me nega eu sei na palavra muda, o que não se altera eu sei na forma afetada do calendário que me repete por mais somatórias ilógicas.

Aqui estou novamente te dizendo que faz tempo que não ouço determinadas canções, mas que as canto todo santo dia, assobiando pelos cantos dos lábios qualquer gota da lembrança que me tragam espaços temporais mais fortuitos. A um passo atrás me lembro tão bem de determinadas expressões. Danço meu olhar aquém para trazer movimentos sincronizados, a certeza rígida de que tocarei as notas certas de cada articulação da minha voz para dar outra vez o velho chamado e apagar as contorções rígidas do acaso que me coloca tão longe de qualquer lugar. Apenas por agora e depois eu mudo de assunto.


14 de mai. de 2012

Dry Morning

O resquício de álcool que deve emanar pelas dobras da pele. Manhã fria, cheiro de café e alguma coisa que deve ter ficado pra trás. Sente o ar seco entrar pelas vias castigadas e olha pra fora num dia que ainda se pretende começar. Um calafrio e tudo se perde mais uma vez. Nunca foi dado à lamentos, mas lamenta sabe-se lá o quê nessa altura que a noite não encobre mais o transpôr de lençóis. Não se lembra em qual ponto deve ter parado, quando não soube mais onde é que estava realmente. Pensa que a vida há de ser assim como um caminho displicente que se anda sem olhar muito pra frente, se lembra da frase de Cacaso que dizia que felicidade era memória ou projeto. 
A sala ainda escura, o que se esperar dentre conclusões insones. Mais uma carta que manda, mais palavras, mais à vida narrada.

Hoje não se diz muito sobre o que se passou. Não sabe mesurar o que se perde além do peso do próprio corpo, mas ele sabe que se lembra das coisas e de tudo que ainda não consegue deixar. Deixe, meu filho, que do tanto que viu, ainda há muita coisa que nem sequer pode vislumbrar, afora os carros lá fora e esse frio que sente. A música que escuta já não é mais em melodias e sim em acordes distintos e ouve a cacofonia desafinada. Lê numa correspondência qualquer um endereço que já desconhece. Pergunta-se onde vai chegar, mas o som não sai quando olha assim demais aquém das paredes que já não significam muita coisa. E quando foi que tudo perdeu essa linearidade de sentidos? Qualquer coisa diz algo, pensa, e se vai pelo dia que apenas começou e não se pensa mais em flores.

13 de mai. de 2012

cena de bar

se ousasse dizer o que quer que diga: pediria pra ficar
como se diz pra eles que a permanência tem sido a pauta dos dias afônicos. como se diz que se quer ficar mas que essa estância ainda é oca, de quando surge quatro espaços pelos cantos

do que se fala? não pode ser só do tédio dos tempos, há de se haver os goles
tardes, vozes distantes que se agarre no intervalo da sua garganta

hoje qualquer um diz que não é feliz, como se fosse possível conservar o átimo de tempo em que se pode reter essa consciência.
hoje eu não digo muito das curvas que me perdi, mas gosto de ouvir sobre o caminho que evitei numa data qualquer, o dia que não me lembro, mas que ainda posso sonhar a respeito.

a máquina, o mundo, tudo vem dos canos dessa cidade e se perdem, todos eles, disse quase todos eles, pelos compromissos incertos.

te ofereço uma balada de blues, o tilintar de Ana, conversas soltas à la carte
eu fico por onde qualquer comentário se faz, e completo: nem tanto assim, mas. ande e continue,

presa às intervenções inesperadas,
uma virada de jazz
uma emoção de fim de tarde
o intervalo dos carros
um detalhe de Hopper, a mancha da sua camisa que confundi com a luz dos cachos presos à ideias, quase todas elas, aleatórias

Mais do que ficar, peço que se vá por aí de mãos atadas a você mesmo e volte para me dizer qual o teu paladar certo e repita o teu gosto íntimo.

eu ouço.


10 de mai. de 2012

O Canto de Varandas

a cidade esconde dentre montes  
de sons e sonidos
a delicadeza de Sônia
que canta da varanda
como quem não é
e some, Sônia seus zumbidos
do peito que cantarola
do cheiro de lençóis limpos
um mero cantar
no entremeios
de motos e caminhões

que som tiver
foi o som que ninguém
afora seus tecidos
puderam seguir
feito ciranda despoluída
de quem passou
e ouviu:


lalariralá






9 de mai. de 2012

American Movies

the stop lights are turning red
as I need my meds to see
anything green

again people around oblivion
and what else brings me here
although those sounds wich I blink
strongly and tighty with a little little eyes

they keep running

e agora eu espero pela luz amerela
que não vê que bem não vê
eu disse que se falasse assim
eu pediria mais uma xícara de café para que dissesse que sim
finalmente que sim, de todas absolutas negativas
mais um shot para me fazer



And then, once again
I told how to keep awake
after so many minutes
and I see, I always see

o que tem feito por aqui?

We're still the same
standing at the stop lines
what else, my friends?

corta para outra cena,
comenta e vai

the screen has the size of our dreams.

7 de mai. de 2012

Resoluções temporais


ser solta que se solta da densidão. e ela me diz que algo pode ser como o tempo como sempre tem sido, lista de compras, relações de canais por ordem alfabética, lírios ao canto da garagem e um pouco de tempo. tudo se resolve, tudo tem sido assim por cada coletivo que pego, uma folha que se solta do galho que balança a árvore o som das folhagens e memórias. Eu queria dizer que me lembro de tudo, absolutamente tudo e que de todo esses sons diversos que tenho prendido na minha garganta era riso preso com grito em suas mais tênues variantes. Dessa vez as coisas irão ser diferentes, ela me disse com seu pragmatismo mágico:




Mais uma lista que insista na rotina do que pode dar sorte e penso que pode realmente
dar mais certo do que errado, somente essa vez que não sei por onde posso andar

Lembro-me, eu disse que lembro-me, e que não me atrevo a ser quem sou sem antes lembrar de cada inicial dos nomes que levo e vejo nos letreiros dos coletivos tão azuis,

Um pânico qualquer e eu não me esqueço do que vem a seguir.

A contas a serem pagas, menos um drama
tudo que não me chama
tudo que não pode ser jogado  pra debaixo da cama

L. de longe na Europa me mandou lembranças, L. do outro Estado me mostrou uma vida além de qualquer coisa. Qual som dessa cidade? Qual a uníssona melodia que me traga a Letra M, que fique e se desfaça num átimo das reverberações de um piano de canto

Esqueço que um dia falei de pássaros e do norte eles voaram para cá,

Mas por favor não se esqueça que o que não aconteceu ainda não veio por agora
Não se perturbe  com a pressa da eleita vida que nos veio há trinta segundos e duas canções

Mais um drama que não vai render
Mas saberíamos que é sempre estar de pé pelas manhãs
e das vidas que ainda não vivemos, por hoje, por agora

e lembre-se do que ainda não veio e que virá por de repente, nesse átimo de agora.

6 de mai. de 2012

Dispositivos Móveis

twito o compartilhamento do at ciclano
via facebook pela página de mário fulano
que foi aquele que não tomou as pérolas
de outra página;o vinho, o café, as promoções da tim
quatro assuntos acima da banda C
de ninguém que me viu passar apressada
pela Sé, Pinheiros e 40 lances de escada rolante

enquanto @jukaiko pelo quem quer citado
se junta as fotos da cleopatra nua.
Espero o elevador chegar e aperto
qualquer botão que me leve pra casa
dispositivos imóveis pelo rádio
e eu parada dando impulsos pela marginal
a quem imaginem o nado dos fones siliconados
insuflados de mais cinco estações
que passei; 
um amor terrível que deixemos no morumbi; à ponta do ponto dos coletivos, mais 57 caracteres para dizer da falta do que se diz, hoje à tarde eu não acordei tão cedo, tão feito, tão completo.Respondi em compartilhamento para Zeca, que curte qualquer coisa que faça sentido.

Santo Amaro não é tão longe de qualquer lugar, em uma hora passasse uma cidade inteira por tudo que se passa nos trilhos. Mas uma cidade reconstruída, mas uma vez é alguém que não veio junto, mas me deixei, para a próxima foto enviada instantaneamente via foursquare, no momento que já me deslocava para a outra plataforma. O trem passou interferindo no Nextel banda B de Marcos Zwlailosjhe, mais um contrato adiado, enquanto eu e todos só querem chegar a qualquer lugar. Simplificando qualquer fibra que não estala na movimentação do modernismo que não conheço.

Quando a mim, dizem através de 63 câmeras, que andei a passeio pela cidade

5 de mai. de 2012

ruas tuas


quantas calçadas seriam necessárias contar para
assim, em passos e conversas se conhece e se deixa
estar, estar por estar, presente em cada ladrilho cada
um que se diz por novas vidas e novos dias dará
na próxima avenida, para no recomeço de rua
da ponta dos dedos já se saber o numa
próxima e inesperada palavra se diga
gargalhada solta,

solta-se da vida para ver outras vias
outros caminhos que se permitem
invadir apartamentos e os segredos
mais óbvios de que é e pode ser bom deixar
todos serem o que são



mas e o toque deixa para hoje
que se permitam abraços e rodopios
na avenida mais importante daquele outra
direção que me tomou pelas pontas dos dedos
e não me para trás

dá-me um pouco mais das sarjetas carnavalescas
dá-me um pouco mais disso que eu não quero e nem atrevo a desviar
e convergir para fora de mim

dá-me agora o que começamos a ser
e do meu corpo quieto o são
da minha cabeça
que não me atiro
na contramão.

3 de mai. de 2012

cordão de mar



com  quantos braços se abraça o mar
com quantos peixes se faz um cardume
para envolver e remover das areias
e conchas que te faço no gesto do som do teu nome

que eu adoro sem soar a velho sol
de amar mais assim
hoje te trago miçangas para oferendar
a quem não preciso tocar nem sentir
ao saber da cor certa do seu sorriso e mostro

como  quis se fazer da sua cor
a suas marcas
que não é preciso velejar
nas curvas claras do sincronia das ondas
que hoje te repentem

Deixo à beira mar
o que sei do seu nome e da sua cores
infindáveis
sashi.

2 de mai. de 2012

Dos dedos

Para  Débora
De quantos acasos
seus dedos me dizem
que não que sim que deu
que sabe que descobriu
que não sabe mais de mim

São três dias que contas com as mãos
semi-abertas para um aceno
diz que sim como quem diz que não

mais um café, mais um acaso
do caso que me conta
pela ponta
dos seus diminutos
pois,


Móveis intermitentes

em  toda casa há um quê de saída
e ele te pergunta porque se separa da vida,
como quem bate, e se separa de tudo

e ele se lembra de tudo, da mãe à beira do limiar das paredes trancadas
e ele se lembra dele,
da casa que não pôde voltar

porque sabe que voltar é ir de volta avante ao mesmo lugar



é chamar
e ela ali, à beira da tábua de passar
ele passa, ela passa

a casa contínua com os mesmos ruídos e odores

ele já não volta mais para as paredes maiores que as palmas de suas mãos quando metida à tijolos
se eram vão o esquecer do crescimento de todos os ossos.

ele já se estica, como que abraçasse aquele recinto de mesmos tempos que em seu
estômago deixara.

casa é o que fica nele. e ficou para trás.