30 de jun. de 2008

Como é que faz pra lavar a roupa?

ou: um post nada mínimo.




Eis o mais novo cartão postal da grande capital do terceiro mundo: A ponte Octavio Frias de Oliveira.
[clap, clap, clap]
Assim se configura o grande X do governo Kassab / Serra (PSDB/DEM).
Vejam que além de ostentação, a ponte oferece uma série de vantagens: Ligar o engarrafamento da Água Espraiada com o da Marginal Pinheiros, concretizar literalmente a política do que pode ser tocado mas pouco usufruído (política paulistana essa tendo como principal pioneiro o glorioso ex-prefeito Paulo Maluf), e, claro, servir de um grande adorno para os Estúdios Globo de jornalismo, coincidentemente situado a frente do novíssimo sightseeing paulistano, e que agora abre as janelas celebrando com o slogan: "SPTV, jornalismo transparente até no estúdio". Mas como nem tudo que reluz é ouro, os pupilos de Roberto Marinho tiveram de adiar a estréia do novo cenário - era luz demais nas notícias, sabe. Para ajustar a iluminação, tiveram de abrir mão das câmeras de alta definição que, em conjunto com o sol, interferiam na feição dos jornalistas, deixando-as deveras expostas: Sol do meio-dia não é fácil! Ainda bem que notícia ainda não cheira, não é mesmo? Pois o Pinheiros, rio onde a ponte atravessa, ainda fede, e muito! Mas concordemos que aplicar o mesmo montante final da ponte (R$ 260,000,000,00 até onde temos notícias) para despoluir as águas putrefatas do Tietê paulistano e seus afluentes seria por demais demodê, né?!



"Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte

Este lugar é uma maravilha

Mas como é que faz pra sair da ilha?

Pela ponte, pela ponte"


Bem que os moradores das casas de papelão da favela Jardim Edite, localizada próxima a Berrini (m² mais caro da cidade), poderiam ter cantado a música de Lenine quando finalmente o mais novo projeto megalomaníaco de São Paulo foi concluído, mas preferiram comemorar o resultado alcançado na Justiça que garantiu a área às famílias assentadas próxima à ponte. É que a prefeitura de Kassab pretendia dar mais uma clariada na área desocupando e demolindo os barracos na rota do moderno projeto urbanístico que a ponte empreende. O porém foi que o dinheiro arrecadado para acomodar os moradores com supostos "cheques-despejos" entre R$5 mil e R$ 8 mil e vaguinhas no CDHU, vulgo "cingapura" - prédio fachada para esconder favela criado pelo saudoso (olha ele aí de novo, gente!) ex-prefeito Paulo Maluf, no bairro de Campo Limpo, a 18Km da Glob... ops... da ponte, foi usado também para dar um help na construção do grande X empresarial.
Mas o problema de se lavar roupa em água podre é que a roupa nunca fica limpa, o branco nunca fica branco, o transparente mancha tanto quanto jornalismo tendencioso. Isso sem contar o futunzinho exalado nos tecidos tão mal lavados como, os expectadores atentos hão de superar a limitação olfativa tecnológica, aquele globinho fedido.

3 comentários:

Vinicius disse...

Um doce de abóbora em formato de coração pra quem sair deste lugar primeiro!

Flavimar Dïniz disse...

Pois é... bonita pelo menos é. Mas parece que nem um pouco funcional.

E a impressão que tenho, vendo a foto, é de que ela ameaçou cair e eles esticaram esses cabos de aço todos.

Falando neles, onde que prenderam esse mundo de fios?

Anônimo disse...

adorei esse post
plac plac plac para suas sábias observações

Ana
www.meninaatomica.blogger.com