3 de set. de 2009

pick-up stuck.

você sabe aquela sensação de jogar pega varetas em que você precisa fazer algum movimento mas acaba percebendo que todas as varetas soltas já acabaram e absolutamente nenhuma delas parece estar numa composição digna o bastante para arriscar uma puxada sagaz por baixo? sabe quando você tem certeza de que qualquer mínimo toque vai causar danos irreversíveis àquela trama que se sustenta frágil pelo acaso displicente em que as coisas foram jogadas no meio das nossas vidas? você me entende quando eu falo que nenhuma cor se salvará depois dessa minha vez? você pode ter ideia de como estou apavorada com isso? você se deu conta de como a mais cuidada cautela se assimila a um trejeito paquidérmico? você percebe como cada um desses espetos se tornaram tão essenciais uns aos outros que de todo esse erro, esse foda-se, esse let it be, se tornaram em si o alicerce do nosso único acerto? você tem noção de como não quero derrubar tudo isso com o gesto trêmulo e vacilante? você consegue conceber o simples fato de eu não poder seguir adiante ou mesmo dar as costas a essa geometria tão afetada? não há formas fechadas nisso, vê? é tudo muito aberto num ângulo caótico e o restante dele é tudo daqui a frente. você se lembra de que já arriscamos a tangente e o único ponto de fuga se tornou a base de todas as outras peças? você pode precisar o quão delicada essa arquitetura se compõe de modo que qualquer vibração periférica pode nos quebrar em cores distintas e distantes como se este edifício estivesse já viciado à espera de sua ruína iminente? você reparou como cada divergência dessas retas se tornou o nosso ponto-de-equilíbrio e isso só converge ao nosso favor quando continuamos prendendo a respiração diante do próximo deslocamento alheio? eu quero ficar. e então algo começa a se desfazer quando você repete:

_ É a sua vez.

5 comentários:

Anônimo disse...

muito bacana essa postagem, faz com que reflitamos sobre as formas de encaminharmos nossas decisões....

Flavimar Dïniz disse...

Eh tudo uma questao de perdas e ganhos, encontros e desencontros, sorte e azar... A gente sempre vai deixando uma vareta ou outra para tras na tentativa de abracar o maximo possivel. Tanto que alguem sempre sai vitorioso, enquanto outros ficam com, sei la, uma vareta de cada cor.

Mente dos Fragmentos disse...

é uma questão de pontuação de varetas de acordo com a cor. talvez qualquer vareta já seja boa, o que importa é que vc mova alguma delas, mesmo se perdemos a vez de pegar uma. mesmo que causemos apenas uma bagunça de varetas. mas alguma ficará solta. assim o próximo movimento será mais fácil.

D u d e disse...

incrível, não consigo descrever a sensação que me causa o teu blog!!!

Fabiana Farias disse...

Só quem sabe para conseguir destrinchar esse sentimento sem nome assim como vc faz, menina!
Gosto muito!
Ah! E alguém consegue tirar aquela vareta preta? Eu não! rsrs