ou Monólogo no Espaço da Suspensão
eu preciso escrever. notei isso quando aqueles dois disseram que precisavam ir ao banheiro. imagine! dois marmanjos indo ao banheiro juntos! ouço os mais [abre aspas] descolados [fecha aspas] dizendo: e o que é que tem? não tem nada, eu ousaria. fora o fato deles trocarem piadas o tempo todo pelejando a testosterona que lateja nalgum lugar que incomoda tanto. eles se acusam e molestam o limiar frágil do que deve ou não render-lhes algum prazer na vida. prazer estranho aquele de coçar dentro da orelha sabe-se lá o que descame. coisa sádica essa de enfiar as unhas arrancando pele solta de sobra do toque que lhes faltam, e falta o bom senso: a felicidade mais possível é mera questão de tato. toquem depois de lavarem as mãos de onde querem ir, mas voltem. foram na altura do discurso quando absolutamente todos estavam ofendidos, ao menos tiveram o cuidado de se justificarem antes de se levantarem, como disse, juntos. malditos! eu não os acusavam! delicadamente pedem licença e vão ao banheiro contra todo e qualquer pedido plausível: fiquem que eu paro! mas a bexiga uma hora estoura. e com quem eu falo? estou testando a resposta do universo nos senhores: esse saco há de aguentar pela conclusão que pode me conter, senão estouro eu que estava com vocês o tempo todo até o momento da defesa fácil: "vá saber, né?!" - sempre é bom dois pés atrás. se tiraram todos da reta e passei sozinha. nem notaram que eu falava de mim e que queria palco montado, não a cortina escancarada. eu queria que vissem além da margem do filme preto & branco, não o microfone no cantinho ignorado. eu queria que me perdoassem a falta do estilo alexandrino. e responderam em dissílabo evidente. "Tá bom", deixei no recado.
2 comentários:
Me admirou o descontexto, a descontinuidade que segue o se estrutura o texto. Lembrou-me parede sem cimento.
Thaís é uma escritora pronta. A cada novo texto tenho mais certeza.
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