A família se reúne em torno das reportangens semanais. O som abafado do apresentador - mais um carro em chamas na marginal - suspende o que restou do sonho: um casal burguês, década de 60, fazendo-se revolucionários dentro de uma cabana e de alguns terrorismos particulares. Não os conhecia.
vira a página pois o que se pensou já está passado. Idéia com gosto de cabo de guarda chuva. Desenvolva um samba de cabeça ao invés de ser tão sensorial. Anota na palma da mão: "parar de procurar pulga em cachorro de rua". No banho ainda pensou enquanto se desembaraçava que haveria alguma metáfora bem bonita pra falar do corpo. Esquece o toque e procura a imagem: a mesma. Conta o tempo e sai de casa levando atrasos os quais supõe contar três anos e uns quebrados. Cada rua, cada janela, cada entrada aberta ou fechada compõe passo a passo aquela história que não vai vender. O ônibus diminuiu a velocidade - atraso: três anos e dois quebrados - todos se apertaram para sentir o cheiro de borracha queimada que ainda saía da carcaça fumegante, contemplam a origem do congestionamento-recorde da quinzena. Entra no trabalho e anuncia:
_ Vou escrever um roteiro.
De fato, escolhera o assunto errado.
Um comentário:
gostei;
vc deveria atualizar com mais freqüência, menina.
(trema ainda pois gosto)
beijo
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