25 de jun. de 2009

gota d'alma.

Voltei agora do serviço. Chovia. Chuva de inverno em São Paulo costuma ser fria pra caramba e ainda consegue molhar mais do que deveria uma simples chuva de inverno - As gotas penetram qualquer brecha improvável dos tecidos e espaços: gotas imediatas no vão entre as lentes e a pupila despertam qualquer um distraído e cansado ao voltar de uma noite inteira de trabalho.
Uma vez li em algum lugar que as 06:00 da manhã costuma ser a hora mais fria, sim, era a mesma hora da primeira luz de uma quarta-feira - difusa. E pensava em pouca coisa. Digo assim de forma linear, sabe. Flashs, imagens, emaranhados do que se ouviu nas últimas 48 hrs. O que a Maeli queria falar comigo ontem à noite mesmo? Não sei, não consegui atender seus chamados. Olho a esquerda esperando o ônibus enorme passar abarrotado de pessoas penduradas - estou livre dessa. O dia não vai sar muito claro, ouço enquanto uma gota gélida explode nas têmporas quentes. Não vai ser mesmo. Observo as nuvens formarem cortinas indissipáveis naquilo que se propunha a brilhar. A luz é a mesma em qualquer lugar e a sombra se forma nas nuanças dessa claridade duvidosa. O sinal abre. Espero algo que não vi passar. Estou atrasada em ponto, observo na tela molhada do celular que aliás não tinha nenhuma mensagem nas últimas 12 horas. Eles estavam dormindo, deduzo. Os chamados de Maeli. O cigarros acabaram e não choverá palavra alguma do céu, fora isso que a gente pensa tudo junto o tempo todo e não se resolve nunca. E agora chega aquela hora que o que importa é falar o que qualquer um diz primeiro e o outro concorda: ai que chuva!
Não, o dia não vou ser muito claro, eu concordaria, mas já tinha atravessado pra qualquer direção: não havia sombras para se abrigar desse silêncio de casa vazia.

4 comentários:

Luisa disse...

pô thais
adoro adoro te ler
sério!. :-) rs..
gostei disso [entre outras coisas]:

'Observo as nuvens formarem cortinas indissipáveis naquilo que se propunha a brilhar'
-
hehe.
-
espero que estejas bem
sobrevivendo
como todos nós.

Anônimo disse...

as vezes tenho vontade de brincar de ezra pound nos teus textos hahahaha esse aqui ta com otimos momentos

Anônimo disse...

amei o seu blog. estou linkando no meu pessoal e prometo voltar aqui mais vezes para ler seus textos visuais e sensoriais.
parabéns!
mrcl

Mente dos Fragmentos disse...

e nunca mais parou de chover.