12 de jun. de 2009

self fortune.

"A lesma quando passa deixa um rastro prateado"
AnaC.


Quando era pequena sentia um amor enorme pelos bichos e disse que seria veterinária. Não foi. Ouviu o tal do roque e disse que montaria uma banda bem barulhenta. Não montou. Do ônibus viu um mendigo e disse que se meteria nesses lances da política. Não se meteu. Numa tarde fria leu um poema e disse que cantaria por aí. Não cantou. Agora essas coisas já passaram e dizem que distraída ainda vive (de alguma forma).
Enquanto ela dorme vá e sussurre em seu ouvido que quando anda pela rua deixa um rastro prateado, assim bem delicadamente, sabe. E aproveita e fala pra ela que esse viver displicente acentua o brilho fosco dos seus cabelos desgrenhados e tão cheio da essência do tabaco que se desfez em noites sem sonhos e é quase tão sublime quanto música acabando.
Então ela escolheu não ser e foi ela.

3 comentários:

Luisa disse...

pô, tá vendo?
é isso;
vc escreve coisas que eu escreveria também menina.
não possuo as tuas tonalidades;
sou mais torta, embora seja uma percepção que vc nao compartilhe;
mas poxa thais, vc é uma alma
que caminha junto com a minha, certeza.]

beijo imenso.

Fabiana Farias disse...

Acho que já virou um dos meus favoritos esse teu texto. Você deu vida e cara pra esse verso da Ana.

Carla Kinzo disse...

Lindo.