1 de mai. de 2013

My Dearest One,

 

Tenho tanto a agradecer pela paciência e cuidado que sempre tem comigo. Pensava nisso agora à noite. Não sei se agradecemos esse tipo de coisa, mas queria dizer algo assim. Queria que mais uma vez pousasse a mão na minha coxa e dissesse: pode chorar, menina. Só chorar por chorar e poder dizer sem censura ou motivos que sejam: estou tão triste hoje. Queria que não se preocupasse com isso, pois estou para metafísicas de tabacaria. É só isso. Gosto tanto da forma elegante e humana que recebe o meu peso, a sua barba que se move num sorriso e as sobrancelhas que se juntam em forma de prece para dizer que sim, que você sabe de tudo isso, que sim que algo ainda há de vir para todos nós, amém. 
Comia uma comida insossa enquanto juntava os grãos no balcão da cozinha e olhava para o relógio sabendo que Godot não passará por aqui essa semana. Mas sei das pontas dos seus dedos, sei da correspondência certa do teu toque mais preciso. Por isso te escrevo desprovida do que dizer. 
Mas venha que à tarde há o aroma de café e os pássaros que passam nesse céu tão azul. Venha que eu sei te receber dentro dos meus olhos que descansam ao piscar das pálpebras pesadas. Venha comigo e me explique no caminho o que é isso que me chama me dizendo "não". E me fale qualquer coisa que leu na semana passada que eu te passo o açúcar.

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