28 de mai. de 2009

manhã sem sol para ele.



A Fabiano Calixto

Eu disse agora pra você que foi um milagre. Foi assim, ó, vou te contar direitinho. Era 5:00 da manhã e recebo teu recado de SOS e te encontro naquele posto de gasolina. Não digo nada e te abraço e você confessa que era tudo, tudo o que você precisava. Fomos pra minha casa e começamos a conversar, fumar, beber café. O rádio ligado com algumas notícias matinais e de repente começa a tocar "While My Guitar Gentle Weeps" do Harrison. Eu nunca havia ouvido aquela música tocar no rádio e do nada tudo fez sentido. Nunca mais ouvi essa música tocar novamente, eu te disse. Deve ser porque nunca mais te vi passando por aí nas redondezas. Eu podia fazer disso literatura, mas só o fato, o simples fato já é o máximo que poderia nos acontecer naquela manhã. Não transformo nada. Eu apenas digo: foi um milagre enorme tudo aquilo. Você deve ter ficado mais uns 10 minutos e depois foi pra casa a salvo. A salvo de qualquer coisa que poderia nos matar naquela manhã sem sol. Pelo menos naquela manhã. Depois tratamos de nos perder pra além de qualquer data ou qualquer cor em preto e branco.

3 comentários:

Luisa disse...

adooooro
te ler.

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beijo

Gil Rodrigues disse...

Adorei a forma da escrita.

Fabiana Farias disse...

Mais um texto lindo. Mostrando que nem sempre são as palavras que acalmam um coração, mas a presença simplesmente.