30 de jan. de 2014

para alguém partindo para o porto

meu bem se alguma hora desse dia que partilhamos
por ventura
me ver chorando
finja que não viu absolutamente nada
saia catando suas coisas pelos cantos
e debaixo desses olhos
saiba que não há nada nesse espaço
que já não foi cantado ao décimo tanto
que eu não vou me dar ao trabalho
e parar para dizer que 
não é nada esse absoluto tudo que 
você pode ter me dado
por esse intervalo
em que as canções retardam
o carinho que quis reter
e essa mania de guardar
o que se leva
nessa água
nessa porta
que espalho agora pelo meu rosto

Apenas finja que não viu o que foi
do que se vê e siga
o teu rumo e não dói
isso que se deixa 
levar de desconhecer
o que te meço
em palmas e polegadas
desse mar que engoli
para evitar o desconforto
de esclarecer
que hoje choro
pelos motivos mais óbvios
desse idioma
que só te chama nas cadências
do mais bonita
de nós duas

eu sigo e espero
o sal
o gosto
o nome


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