13 de mai. de 2012

cena de bar

se ousasse dizer o que quer que diga: pediria pra ficar
como se diz pra eles que a permanência tem sido a pauta dos dias afônicos. como se diz que se quer ficar mas que essa estância ainda é oca, de quando surge quatro espaços pelos cantos

do que se fala? não pode ser só do tédio dos tempos, há de se haver os goles
tardes, vozes distantes que se agarre no intervalo da sua garganta

hoje qualquer um diz que não é feliz, como se fosse possível conservar o átimo de tempo em que se pode reter essa consciência.
hoje eu não digo muito das curvas que me perdi, mas gosto de ouvir sobre o caminho que evitei numa data qualquer, o dia que não me lembro, mas que ainda posso sonhar a respeito.

a máquina, o mundo, tudo vem dos canos dessa cidade e se perdem, todos eles, disse quase todos eles, pelos compromissos incertos.

te ofereço uma balada de blues, o tilintar de Ana, conversas soltas à la carte
eu fico por onde qualquer comentário se faz, e completo: nem tanto assim, mas. ande e continue,

presa às intervenções inesperadas,
uma virada de jazz
uma emoção de fim de tarde
o intervalo dos carros
um detalhe de Hopper, a mancha da sua camisa que confundi com a luz dos cachos presos à ideias, quase todas elas, aleatórias

Mais do que ficar, peço que se vá por aí de mãos atadas a você mesmo e volte para me dizer qual o teu paladar certo e repita o teu gosto íntimo.

eu ouço.


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