O tal lance do poema
Depois do almoço
Guardar todo o esquema
Entre um caroço e outro
Da sobremesa
Pedir mais um pouco
Do suco
Pedir mais um criolo
louco na cerne
do sumo
Assistir TV
Pensar no filme
Evitar a vontade de ter
Pensar no filme
Evitar o gosto acre
Pensar no filme
Evitar o sólido desgaste
Pensar no filme
Arranhar o céu parado
Agarrar as horas
Fumar três maços de cigarro
Perder a demora
Perder a tarde
Perder o fim do dia
Perder o fim do bom senso
Ir embora
Dizer tchau
Chegar a porta
Acertar o plano
Em que tudo melhora
Mirar o degrau
E saber que não volta
26 de mar. de 2017
24 de mar. de 2017
Dona de casa
à Ana Elisa Ribeiro
Há sempre o lance de não conseguir ser rápida
Há o sutil detalhe da não proceder com a falha
Há o desgaste de não engolir o tal canalha
Há sempre o incômodo de ser fazer à prática
Há essa coisa do incomodar o senhor
Há essa merda de falar do filhos
Há essa porra de aquietar o terror
Há esses amores a remendar fundilhos
Há a agonia
Há a vontade
Há a pilha
Há a covarde
Há a mesa virada
Há essa desvairada
Há 1/4 de porrada
Há ainda as desajustadas
Há ainda aquela que não sabe de nada
23 de mar. de 2017
No meio da rua.
É um sopro no peito
Toda vez que
te vejo
ir
(o sinal há de abrir)
É a sombra dos sujeitos
silhuetas contornos
os passos a
te pedir
(o sinal há de abrir)
É a imagem do espelho
a linha do rosto
o passo torpe
a conduzir
(o sinal abriu)
O tombo
_ Amigo vem aqui,
não sei onde me volto
que não sei por onde
te perdi
_ Amigo eu caí,
não sei onde que encontros
a estrutura do escombros
daqui
_ Amigo eu abri,
a carne e os encontro
a criatura e seus
pontos frágeis
pra mim
(o sinal vai abrir)
Fica o passo além do
joelho
Fica o toque e tua
língua
que já não mais
entendo
Fica esse corpo
perdido
No asfalto
Casa, toalhas
e o assoalho
Fica chão, o gosto
que não te ata
(O sinal abriu)
Passa lá pra me ver
Concluir o que sobrou
de você
Ver na feição
o espelho fraco
o borrão
Passa lá pra te ser
Subjulgar minhas dores
dizer que não foi nada
pendurar o resto desta
morada
Passa lá que eu te espero
Passa lá que ainda falo
Passa lá que ainda quero
Passa lá que eu paro
⏭ Ouça
Toda vez que
te vejo
ir
(o sinal há de abrir)
É a sombra dos sujeitos
silhuetas contornos
os passos a
te pedir
(o sinal há de abrir)
É a imagem do espelho
a linha do rosto
o passo torpe
a conduzir
(o sinal abriu)
O tombo
_ Amigo vem aqui,
não sei onde me volto
que não sei por onde
te perdi
_ Amigo eu caí,
não sei onde que encontros
a estrutura do escombros
daqui
_ Amigo eu abri,
a carne e os encontro
a criatura e seus
pontos frágeis
pra mim
(o sinal vai abrir)
Fica o passo além do
joelho
Fica o toque e tua
língua
que já não mais
entendo
Fica esse corpo
perdido
No asfalto
Casa, toalhas
e o assoalho
Fica chão, o gosto
que não te ata
(O sinal abriu)
Passa lá pra me ver
Concluir o que sobrou
de você
Ver na feição
o espelho fraco
o borrão
Passa lá pra te ser
Subjulgar minhas dores
dizer que não foi nada
pendurar o resto desta
morada
Passa lá que eu te espero
Passa lá que ainda falo
Passa lá que ainda quero
Passa lá que eu paro
⏭ Ouça
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cotidianas.
19 de mar. de 2017
Cada Passo
Cada passo
passada
da perna
o eixo
desgasta
Cada passo
criado
no inferno
o seio
se arrasta
Cada passo
somado
ao etéreo
flutua
cansado
Cada passo
fincado
ao histérico
mundo
se cala
Cada passo
arrastado
ao esférico
tudo
fala
passada
da perna
o eixo
desgasta
Cada passo
criado
no inferno
o seio
se arrasta
Cada passo
somado
ao etéreo
flutua
cansado
Cada passo
fincado
ao histérico
mundo
se cala
Cada passo
arrastado
ao esférico
tudo
fala
16 de mar. de 2017
Efeito de Somação
Não sei dizer
Quantas bolinhas
de decibeis
precisa fazer
Quantas bobeirinhas
precisa comer
Quantas diminutivos
precisa dizer coração
precisa acender o
fogão de rimas
quase
assim
de esquinas
da casa
da família
da voz
da manhã
do telefone
da fotografia
Quantas bolinhas
de decibeis
precisa fazer
Quantas bobeirinhas
precisa comer
Quantas diminutivos
precisa dizer coração
precisa acender o
fogão de rimas
quase
assim
de esquinas
da casa
da família
da voz
da manhã
do telefone
da fotografia
Prever
para
onde
os
olhos
repelem
onde
a
atenção fica
séria
onde o nome
se faz
estério
onde
o magnetismo
de faz
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beatbesta,
em lugar de uma carta
15 de mar. de 2017
Egofobia Central
Chego ocupo
quase faço
nada
chupo
o caroço
do moço,
Onde estamos?
Dia foda esse
se pudesse deixava
bilhete
so um lembrete
que talvez
pudesse ser a puta
ou o cacete
que pudesse ser o
peso
ou o repente
que pudesse ser o
coeso
ou o ciente
rima é poética
do
útero
já disse
que
uso
já disse
o recado
já me falaste
do veado
já me falaste
do sushi
já me falaste
de mim
lógica que
responde
onde
gritas
o estouro
estronde
já falei do meu
rinoceronte
já falei do meu
mastodonte
já falei do meu
desodorante
Levantas o braço
fica de pé
Puxa o dedo em riste
disse que embaço
disse que sou triste
disse
só não dá o ar
só não dá a liga
só não pode faltar
só não se fala barriga
ouve
fala
ouve
cala
Dá um tempo
sai pra passear
dentro do sereno
há um mar
Deixa transpassar
Deixa açoitar
Deixa afrouxar
Deixa começar
O silêncio
uma mesa de bar
Deixa pra lá
Um dia vai passar
Que passe
Deixa que no grito estronde
Deixa que na garganta onde
passa o ar
Devagar
Seca a boca
Limpa o batom
Levanta
Sai
No país há três gritos
Reconvexos
No país há três grilos
Retroflexos
No país há três pinos
Desconexos
Sete buracos na cabeça
O olho que pisca
O olho que passa
O olho que rímel
O olho que ri
Já passei por aqui
Amanhã vou passar
13 de mar. de 2017
Céu Azul C
Céu Azul é um bairro localizado na zona norte de Belo Horizonte e também uma música do Charlie Brown Jr. Céu de Belo Horizonte tem a melhor luz para o cinema do Brasil, um céu em Belo Horizonte.
Para se chegar nesse bairro é preciso pegar um ônibus chamado Céu Azul C ou, simplesmente, o 616 do Terminal Pampulha, localizado perto de um ponto turístico da cidade.
Uma lagoa.
Indo pela Avenida Portugal é possível enxergar ciclistas, corredores, meninos de Venda Nova, pessoas pescando e pessoas com medo dos meninos de Venda Nova.
Venda Nova é um bairro mais antigo que a própria capital, meninos apenas olhando um nike ou uma bicicleta de 27 mil reais, o preço de suas casas.
De dentro do coletivo é possível ouvir Céu Azul do Charlie Brown:
_ Céu Azul em Belo Horizonte, pode ser que dê Praia da Estação, Fora Lacerda, Objetos Decorativos da Cidade: Ei Chapolin, jogua água em mim...
Há o baile da Saudade no Céu Azul, há o quarteirtão do Soul debaixo do viaduto Santa Tereza, há a galera da federal que não se dá muito com as pessoas da Puc, Coração Eucarístico, Sagrada Família Mineira que a Professora Ana Elisa Ribeiro cantou tão bem lá do CEFET.
Siglas, nomes, vertigem, rodopiante bacanal com o EBA! Na Fale tudo quieto, passarinhos na ágora da cantina, Jardim da Babilônia para Alex Nery e Denise Belo.
_ Vamos curtir, vadiar o que importa é nossa alegria...
Deixo o retrato e todos que me evitam na prateleira. Bebo o café de Bandeira e sua chuva de resignação, Drummond e seus retratos, meus amigos, todos estão bem.
A volta pela Pampulha fica pra outro dia... Em São Paulo ainda garoa, mas o Tuco vai ligar, vamos descer a Augusta, pessoas foram pro exterior e no coração o amor óbvio dela que ficou, um cheiro de orquídeas, o resto de cerveja no copo, o ar que lhe faltou, os braços, a agonia, a voz que me diz:
A volta pela Pampulha fica pra outro dia... Em São Paulo ainda garoa, mas o Tuco vai ligar, vamos descer a Augusta, pessoas foram pro exterior e no coração o amor óbvio dela que ficou, um cheiro de orquídeas, o resto de cerveja no copo, o ar que lhe faltou, os braços, a agonia, a voz que me diz:
_ Filha...
⏩Me Escuta
8 de mar. de 2017
8 do Mundo
Acho que aprendi a cantar com Mazzy Star, jogando uma sinuca sozinha num quarto como esse com um computador quebrado, pois simplesmente não observei que o computador no chão está disposto a ser pisado e, assim, disposto a não ter mais acentos.
Acho que aprendi a cantar no colo do meu pai, nos domingos em que, pela manhã, ouvia Ravel com seu cachimbo e jornais dobrados em que, ele, compartilhava cada vírgula de alguma novidade com a minha mãe.
Lembro-me que meu irmão jogava super nintendo, lembro-me que ao cair de um domingo daqueles, Ravel cadenciava prum samba, pra uma Clara Nunes, meu pai tamborilando um samba na minha barriga e minha mãe dizendo o tempo todo o quanto éramos, eu e meu irmão, amados.
Lembro-me do meu meu pai me perguntando incansavelmente "Cadê a [sic] pincezinha do papai?" e eu, sempre embaraçada, apontar para minha mãe somente com o intuito gratuito de receber as cócegas dele dizendo que "não, o pincezinha do papai e você". Ríamos todos.
Num desses domingos, deitada no peito da minha mãe, recebendo aquele carinho e a respiração alegre da cerveja, a ouvir dizer: "Filha, pra uma mãe todo erro e uma tentativa de acerto."
Nunca me esqueci dessa frase: "Uma tentativa de acerto".
Ninguém me ensinou a acertar ou a errar, ninguém me ensinou a olhar sólida no espelho e dizer: "isso é ser mulher, isso é ser humano, isso é."
_ Uma tentativa de acerto.
Hoje, tendo a plena ciência do meu corpo, de onde se localizam meus ovários, trompas e útero e, muito maior que isso, onde se localiza meu gênero digo: somos a tentativa do erro e do acerto.
Ser mulher hoje é respirar estando limpa da sensação de ter sido tocada pela forma que sou e que me concentro, me mirando na mulher que tive e que retenho em cada lembrança tão rígida como o amor que ela dispendida ora com prazer, ora com dor - minha mãe.
Ser mulher não é queimar sutiã, ser mulher é queimá-lo todos os dias no calor do corpo, no atrito da pele, no suor que todos, homens e mulheres, tem a derramar.
Ninguém ensina ninguém a ser homem ou mulher, a relação do sexo não se faz, a relação do encontro se perde. Prende-se a respiração e se livra de si todos os dias para se encontrar no próximo corpo, o próprio.
Ser mulher é não somente a tentativa, mas também o interno instinto de se desdobrar em mil e se quebrar em muitos tantos outros.
Ser mulher, ser a tentativa, o erro, o acerto, o igual, a curva, o turvo gene de se encontrar o tempo todo.
7 de mar. de 2017
Blank Blink.
à Caroline Drummond
a tela pisca pra ela
mas nada sai da testa
pois de a tela assim
falasse
baudelaire estaria
com Dante
que estaria
com Rousseau
Diante da barca
do nada
ela, às vezes,
fica parada
fuma seu cigarro
de palha
não pensa no
nome, não pensa
no bizarro
processo
não pensa
no poço
infindo
de Bandeira
na mulher só
a carne e osso
na Estevão Pinto
mandando
neguim pra Cuba
ela não ouve políticas
so seu loro
so o som da piscina
so o miquinho
trepando proximo
a rua do
ouro
ela respira
lembra que e de
Touro
o café e um vinho
um cigarrinho
a retorno
ao
Porto
ela levanta
o mundo nao
mexe
inerte
irracível
imbecil
idiota
antes que apenas
desperte
⏩OUVE SAPORRA
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beatbesta,
em lugar de uma carta,
SMS
3 de mar. de 2017
phonemalogia das três
heidegger parece um bosta
perto da cosmologia
de touro em aries
perto do obvio
perto dos polos
de invertendo
perto da poema
chato
perto
do
nome
perto da cosmologia
de touro em aries
perto do obvio
perto dos polos
de invertendo
perto da poema
chato
perto
do
nome
perto de um "fudeu"
vai sacar o pis
e fugir
do
país
ou
talvez
pagar o
netflix
ou
talvez
pagar o
netflix
Perto do apartamento
em
chamas
Perto de Adele
no repeat
Perto da onda
do
desemprego
Perto
de
John Lennon
e
o
desassossego
Aberta ao teclado
no repeat
no respaldo
no inferno
do Globo Esporte
na sessão do almoço
Desfaço o alvoroço
a estranha no meio
do
esboço
deste
retrato
Sai e pega o carro
Sai e anda em linha
reta
e
vê
se
resta
a
mistura
da
restia
foco na testa
na pose quieta
strike
e
se
aquieta
aqui
"WE ARE ALL MAD HERE"
Marcadores:
beatbesta,
coisa da antiga
2 de mar. de 2017
Endema de Heineken
Passei a misturar
bolo com quebra
queixo
receita de vinho
com o me
deixo
no
seu nexo
sem o teu
jeito interdental
de me chamar
de
pseudo
intelectual
e hoje
não confundo
o nome
com a rota do
fumo
com pêssego
com esse
sôfrego
sinal
do Whats
que
se
perdeu
quando
ia
dizer
mais uma vez
do signo
da estrela
do estribilho
do calo
no outro vacilo
de te perder
de sair correndo
de fazer clichê
cair no meio do
mercado
fazer drama
a comedia
do Senado
Quem e Marcela
se temos
hoje
essa miscelânia
que não
rima
mais com
a janela
certa
a sua familia
o seu aquario
o seu som
o carro do otario
o problema
solucionado
a sua agua com gas
se sou capaz
de no fundo do meu pigarro
velho e amassado
te acordar
e dizer
_ bora fazer um bem casado depois desse
bolo com quebra
queixo
receita de vinho
com o me
deixo
no
seu nexo
sem o teu
jeito interdental
de me chamar
de
pseudo
intelectual
e hoje
não confundo
o nome
com a rota do
fumo
com pêssego
com esse
sôfrego
sinal
do Whats
que
se
perdeu
quando
ia
dizer
mais uma vez
do signo
da estrela
do estribilho
do calo
no outro vacilo
de te perder
de sair correndo
de fazer clichê
cair no meio do
mercado
fazer drama
a comedia
do Senado
Quem e Marcela
se temos
hoje
essa miscelânia
que não
rima
mais com
a janela
certa
a sua familia
o seu aquario
o seu som
o carro do otario
o problema
solucionado
a sua agua com gas
se sou capaz
de no fundo do meu pigarro
velho e amassado
te acordar
e dizer
_ bora fazer um bem casado depois desse
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em lugar de uma carta
Teresina em Sao Jose
Ao Carvalho Neto
eu aqui não vejo amigos
ando vazio
pelas dimensões do dia
no fim da Cassiano Ricardo
Vejo passaros pardos
Vejo o pisar antigo
Samba de arritmia
o batuque, o fastio
Recomeço no arduo
calcanhar obliquo
Vista Verde de alegoria
Tua Banda Bandida
Me diga a cor da ressaca
o fim do perigo
o barracão de cor opaca
o Parnaiba o S. Francisco
Desta terra em linha fraca
Traço contigo
Carnaval e carne magra
a quaresma o teu ressono
a minha cega
batalha
O meu nome
O Teu nome
Torquato
e a Fanfarra
ao fim da
Jose Longo
⏩OUÇA
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