eu vou tentar correr atrás do tempo
que disse não.
O contínuo se enrosca tu cabellos
pela incerteza que não mira esse olhar atento até onde vai,
esse sinal que me manda seguir
horóscopos
de la misma
até que os sobressaltos disseram que era evidente que ele
não escreveria poesia pq haveria de melhorar em algo
e, sim, ele era o melhor
já os outros, todos se deram bem na vida:
uma publicou dois livros
outro foi pra Europa
eu ainda ofereço línguas
melhores do que todos viveram
ainda não sei se quero estar onde estou,
mas estou
aqui pensando em cada um deles e acho que o strike back
disso é que relemos e nos vemos de fora
como disse ao rapaz dos olhos mais livres que pude ver
mas o que queria dizer
é que estou pensando no melhor deles
que são todos
que eram o que fazíamos de melhor
Mas lemos Carlitos, Carlinhos, Cartas
e de cada um soube ver que o que importa é ser
forte o bastante pra ficar perto daqueles
que, ao seu modo, de usar ou ser usado,
saber conectar a força de um cavalo pedindo água e
ainda assim alisar sua crina.
ao que me parece o google anda mudando meio rápido e eu também.
ao que parece meus pensamentos andam ficando muito rápidos e o seu também, ou talvez não.
o fato é que eu quis o ano inteiro te escrever um poema, que sempre julguei ruins, ou que alguém me convenceu que eram ruins, ou que eu mesma me convenci que são ruins.
mas isso é papo idiota, coisa de escritores egocentristas demais
mas o fato é que quero dizer cada vez menos, ser cada vez mais amena, cada vez mais suave.
o fato é que tentei o ano inteiro escrever um poema que dissesse algo bom, mas não rolou, sabe.
o poema é pra você.
que cantei no chuveiro.
o poema é pra ser bom, mas pode ser ruim também.
o poema pode ser o que quiser, o poema é ele mesmo.
mas ainda quero ser clara, muito clara, mas muito clara que o poema é pra você e não pra mim, mas é que a coisa é que eu e você o tempo todo de um jeito rápido demais.
José cometeu erros. Clara também. Mas podem viver bom momentos. E depois releio a merda toda e e eu tô te falando é que você me traz paz. E você me faz bem. Mas quero fazer bem.
Em todos os casos, polissêmicos, quero ser quem eu sou. e espero que seja como é no universo imaginário e a sorte da tranquilidade do seu riso.
17 de out. de 2014
Sempre escrevo melhor quando escrevo cartas. Sempre precisei desse ar de aprovação para poder respirar ou simplesmente para lembrar que preciso de fôlego do suspiro de qualquer um que me diga sim. Que me diga sim. Esse sim vem como um pêndulo do contrapeso que sopro dizendo não. Eu digo não o tempo todo pra mim. Quando me aventuro assim como todo não também escuta um sim, prossigo com qualquer coisa até dizer não novamente. Nisto ficam as coisas inacabadas: uma tatuagem, um curso, uma bicicleta encostada na entrada do meu quarto, receitas de cinco meses atrás. Tratamento interrompido. Cartelas de remédios guardados esperando a data de expirarem. Ódio com hora marcada para abrandar. Volto a dizer sim. Depois de amanhã eu digo não. Nos diários de dois anos atrás há nomes que não ficaram, havia ainda esperas de sim. Violão que só sabe três acordes. A música parou. Há uma espécie de ruínas de coisas interrompidas nesse espaço. Espero morrer fazendo planos para o churrasco de amanhã, haverá cerveja e a espera que a embriaguez seja bem executada. Há um dente que falta nesse sorriso e agora não é sonho criptografado nas teorias no xerox cuja leitura não venceu a segunda página. Texto inacabado esse. Digo que não. Era uma carta, era para ser. Mas não.
às vezes queria me deitar com ele dentro daquele silêncio de pedras onde os sons abafam o calor de uma dor localizada no meio da testa e se localiza a profusão dessas opiniões ali o sol brilha filtrado da data que não dobra naquele exato ponto em que as facas exatas perdem o seu fio e o medo do segundo que transpassa os pés já não confundem a rua paralela ao amanhã
vou assoprar aquele zumbido da curva dos teu brincos pra dizer uma rima ruim do gosto de tarde que reclama classificando panfletos de poemas da classe média B pra vender pela bahia daqui a disritmia das tuas noites que é pra evitar a sessão de zines forjadas no risco de desaparecer dentre a arquitetura parada em sombras e que nem sabe de quem disseminar teus segredos sem senhas quatro gotas de conselhos ditados balanceando ideias riscadas das listras dos dedos que come nas tardes postadas de nada
Deus, me ajuda, Deus a aguentar as trepidações do passo que não encontrou mais a plataforma Me ajuda a sair daqui sem saber que no fundo das ruas vou encontrar o rosto desconfigurado de um dia anônimo em que nada acontece para todos nós Me ajuda a passar por milhares de repetições e descobrir cada um dos seus movimentos e não poder mudá-lo e ela só sai de casa para ir ao supermercado olhando para o céu por desconhecer esses rostos ela só quer o teu da linha da tua camisa que era o lençol das noites em que esperei que a sombra não fosse essa descontínua forma dos objetos do quarto Me ajuda a andar ouvindo todos esses gritos a aguentar o silêncio vespertino o café quieto e o teu retrato sem moldura Me ajuda a não esquecer aquele rosto tão familiar e encontrar suas coisas que não se relacionam a forma andar por essa cidade sem mar e fugir dos prédios que começam a esfarelar pela minha cabeça E ela e suas palavras-cruzadas e o nome que escreve no olhar por debaixo dos óculos Soube que foi um delírio que não encontrou a saída que as metafísicas agora não eram bobagens E eu penso naquela fotografia pelo concreto frio e a falta que não desfaz eu já não sei como te chamar eu não acredito mais, mas me ajuda em tudo que não deveria ser mais penso nas luzes para poder voltar Me ajuda a calar o que não sei mais dizer o que descontinua o olhar pra essa data em que te risca fora essa música indiferente aos teus ouvidos surdos o som que não ouço mais por essa casa todos os espaços todos os vazios da falta das suas coisas desfeitas o braço que não encontra mais o ombro os dentes secos por debaixo da boca concreta e rígida e esperam os ossos tomarem os seus cabelos que caíam pela testa trincada do que pensava incansavelmente já desenganada de alguma conclusão os pés no salto e me ajuda a aceitar o espaço onde o movimento cessou Me ajuda a mais esse dia das revoluções que pararam de fazer sentido acendo o cigarro e as pessoas aprendem novos idiomas para não dizerem o que vai acontecer Deus, me ajuda a essa falta de nome a que devo chamar nesse calor aleatório essa data póstuma que não passa limpa. Me ajuda.
a poeira acha o seu canto na secura do quarto que encerra trezentas possibilidades pra fora das portas que não revela absolutamente nenhum argumento de um mundo que se faz em setenta discussões paralelas de bilhões de dois olhos e uma boca e duas orelhas e escuta o telefone tocar sem chamar para efusão de hormônios na vibração divina das supercordas up down no estático seguimento do reflexo dos vidros dos carros batendo nas paredes brancas e aqui a suspensão de um mundo em vinte minutos antes do trabalho e todo seu expediente que quisera rastejar sem ser notado um dia de verão e um jeito meio lento de responder às nuances das classes e das coisas que elas se entopem pedindo cem toneladas de eletrônicos e lítios para durar o conforto de garantir que não deixou de ser chamado pelo nome e lembrado de dentro da rua que não sabe para onde vira e como se entra na atenção do outro não sendo possível cingir esse corpo com um amor curto e dois cigarros e o descontrole de encerrá-lo ao meio pois um dia há de acabar esse toque a boca que impede a secura do ar da palavra que dali falta a poeira é pele a falta pelo o quarto em alguns elementos fartos da única e enorme presença própria.
sei dessa falta de som o teclado da tua porta que não abre sei do jeito como deve segurar o ar nessa chuva sei de tudo que eu calo na hora de reter esse agora que eu gosto tanto da palavra que seria do jeito do meu nome no último trago da ponta desse seu cigarro
tenho sorte em tudo que não me prometeu tenho conseguido com um êxito enorme desempenhar tudo que não é meu tudo que não me chama tudo que não dobrou uma vírgula do que deixou de dizer tenho andado por aí e entrado em estabelecimentos para conseguir coisas que não preciso tenho desfrutado horas com o meu chamado mudo e isso é aquilo inteiro que não me prometeu ouço blues quando estou de sorrisos pra lá de nada e prefiro ler que o tal do marcelo rodrigo tadeu protesta contra a copa e eu que nem ligo e é essa a forma que não prometo uma menção nos nomes desses dias hoje faço assim olho pra um vinho e por mim não faço nada além de virar o disco e decodificar as outras faixas que nao leio e me deleito do que nao disse que seria e é quase como se tivesse sido.
meu bem se alguma hora desse dia que partilhamos por ventura me ver chorando finja que não viu absolutamente nada saia catando suas coisas pelos cantos e debaixo desses olhos saiba que não há nada nesse espaço que já não foi cantado ao décimo tanto que eu não vou me dar ao trabalho e parar para dizer que não é nada esse absoluto tudo que você pode ter me dado por esse intervalo em que as canções retardam o carinho que quis reter e essa mania de guardar o que se leva nessa água nessa porta que espalho agora pelo meu rosto Apenas finja que não viu o que foi do que se vê e siga o teu rumo e não dói isso que se deixa levar de desconhecer o que te meço em palmas e polegadas desse mar que engoli para evitar o desconforto de esclarecer que hoje choro pelos motivos mais óbvios desse idioma que só te chama nas cadências do mais bonita de nós duas eu sigo e espero o sal o gosto o nome lá
sempre estou mais para um café antes de me levantar e atender o pedido e ceder esse assento para a outra parte que impaciente me olha batendo os pés no assoalho oco desse chão que aquela moça andava de salto agulha. Mais um café e já disse que saio e te deixo discos, retratos e um pouco do que havia debaixo da minha pele: retomo tudo quando mudarmos de forma e essa senhora nada discreta tomou o lugar que sempre teve Quanto mais forte o café, mais forte o fumo que servia para sentir suas unhas no meu pulso Foi com a voz trêmula que vi seu refrão que no estribilho ainda escondia a sua garganta cheia de ar pouca diferença faz pra quem só escuta o próprio nome Mais um café pra quem não sabe mais o que responder quando estamos assim tão calados acertando despertadores errando partidas
tentava assistir um filme argentino acho que vi algo parecido em ingles um dia um taxi driver portenho nao li o livro inteiro que ela me emprestou acho que nao pretendo devolver o que ela acreditou que eu podia concluir amanha talvez eu nao faça nenhum mantra nao defenda a classe oprimida ja resolveram a falta linha da riqueza paulistana em algumas gotas sublínguais Já tentei remover todos os anúncios maliciosos da minha janela e só tenho paciencia para um beijo e algum silencio e eu querendo devolver com uma citaçao em portugues do filósofo que nao me dei ao trabalho de ler eu disse eu nao leio mas seguro bem as cigarrilhas e sinto o gosto no fundo da colher e faço preguiçosas massagens cardíacas dessa pessoa tao normal nunca tratei de fotografar esta cidade acredito que nao vivo num filme acredito que nao há prostitutas nessa rua vizinhos discretos e a cada ano mudam de carro (tres anos é o tempo máximo) o seguro da tua conversa insólita ninguém me garante ainda vejo as árvores nao reviso rimas nao reconecto tuas linhas que vieram dos teus dedos comidos
a divina secura na boca vai chamar a última ligaçao gravada insistentemente sei das coisas do seu quarto e tudo faz mais sentido quando limpa os cinzeiros e joga no fundo essas olheiras de me ver as pessoas morrem ou vao pra europa as teias devem ser retiradas com uma vassoura limpa porque as paredes precisam nao oferecerem nenhum ponto de fuga que é pra eu olhar e nao ver nada te ligo mais uma vez pego dois onibus e volto sem nunca devolver o livro longe de fazer sentido removo a conclusao te ligo no quarto toque desisto
penso escrever um e-mail ou coisa do tipo/ mas me canso ao pensar nas consequencias que isso pode ter/ sim/ pois um dia me falaram que cansamos os outros/ eu nao quero cansar ninguém quando me canso das coisas quietas | poderia inventar fórmulas mágicas e exercícios de repetiçao do silencio/ mas é exatamente isso que estou fazendo agora/ conduzo esse silencio do meu futuro interlocutor e imagino suas caras/ espero a boca se abrir/ espero o corte desse incomodo usual/ espero demais e nao vou provar que sou sublime por agora/ escrita seca nos olhos enuviados da fumaça densa desse tabaco adocicado/ doce/ no fundo da língua o que pedi com os olhos de mais de trinta kilos/ recolho meu peso nao como questao de bom senso/ mas por saber daquele outro cansaço/ agora o de pedir mais uma fórmula descafeinada de permanencia/ paro para pensar/ o copo no canto da mesa e nem sei quem era aquela que se sentou sozinha/ pensava esta em estruturas carbonicas e disseram que essa indisposta metafísica está na ausencia de uma fantástica ligaçao iônica que esqueceu o nome| o e-mail faria pouco sentido já que nao trago nunca urgencias urgentes/ trago o que se resolve nesse aroma que agora já volta para a garganta sem absolutamente nada além do que já passou/ sem prazer estético algum/ sem nenhuma forma que se preze/ só o reconhecimento de que te gastei da melhor forma possível/ a do teu cansaço para o meu alívio o meu beijo um até logo ou algo do tipo
é aquele jeitinho especial de me destruir pelo bom senso quando julgava à luz de uma conclusao qualquer que hoje, talvez hoje o melhor que se pode fazer é o nada daqui pra frente. Me despeço com cuidado e cerimonias sabendo que amanha vou dizer alguma coisa entre os intervalos das notas e diria ao som delas que eu desejaria que nao fosse tao importante assim a ponto de me oferecer a mais profunda metafísica por uma mera crítica e que eu gostaria que nao arrancasse da minha boca finalmente quieta os tantos anos que tenho de vida e aqueles que espero sem voce antes de te ligar te pedindo o que esqueci de mim.
voce devolve, voce sempre devolve e eu caminho por aí com sacolas furadas.
isso era para aquela que está com dois pés e meio atrás de uma valsa de improviso e que nao aceita a conduçao líquida da acidez de um tango com estruturas exatas ela já está enquadrada nas raízes de moore que fez seu vestido mais apertado na regiao frontal dois sempre dois quando o café decanta mas ela nao vai esperar essa história inteira pois sabe que também andei socando essas palavras e quando eu tremer ela vai dormir porque se cansou desses nirvanas diários em que nao conseguiu se safar da claridade que desvia sua janela e ela vai andar por todos os cantos do quarto por onde ela entrou e os macacos pulam amanha e ela me manda uma fotografia sem a transfiguraçao de um sorriso encomendado ela fica melhor com a boca reta numa línha contínua de uma orelha que diz nao e a outra que diz talvez e ouve quieta
_ eu gosto de voce
ela vai rir ela vai rir muito ela vai mexer no porta-retratos e virar para si a imagem que diz
_ eu também
ela ouve e dorme tranquila - ela vai acordar e virar o ventilador porque de fato está muito quente