21 de jan. de 2017

Ensaio sobre o Bar do Cabral, Av. Antônio Carlos

Esses dias tive a sorte de encontrar um livro sobre a tradução da literatura por módicos 15 reais. O Sesc tem ajudado pessoas, o Sesc tem emprestado muita coisa a muitas pessoas.
Sempre é um parar para pensar naquilo que chamamos de "Literatura". 
Abro espaço para às amadas etimologias ou o que seja:





Substantivo feminino, resumo.


Daí, do substantivo ao objeto: Livro; Daí, ao verbo: publicar; Daí ao ato: Editar.


Editar:


Dessa vez não me dou ao trabalho de utilizar as mídias, os livros, os conceitos:

MERCADO EDITORIAL

Penso no meu país, penso no bairro de classe média alta, penso no sebo e no rapaz, que ali trabalha, me dizendo:

_ Moça, eu só trabalho aqui. Qualquer coisa procure pelo: "Estante Virtual" 

A experiência me remeteu a um episódio:

Um amigo de longa data me deu, acho que em 2007, toda Antologia poética do Manuel Bandeira, edição capa dura e escreveu uma linda dedicatória na qual dizia algo como: 

"Se um dia brigármos e esse livro for parar num sebo, digo à esse leitor que aqui uma amizade se fez"

As palavras não eram exatamente essas, mas algo tão belo como.

_ A vida e seus percalços, suas perdas e danos, sua delicada arte de nos esbofetear com luvas de pelica na cara.

Essa amizade se desfez, mas a profecia da dedicatória não se cumprirá por três motivos:

1- O gesto foi lindo e quero guardá-lo independente de qualquer coisa;
2- Ele foi a pessoa mais responsável no mundo pelo meu amor à Literatura;
3- Um ser humano normal não se desfaz de um Manoel Bandeira completo por um desvio à toa de caminhos.


Lembro-me, antes de qualquer coisa, de sempre me lembrar de mim através dos versos de Manuel Bandeira, fato este que esta grande pessoa me chamou a atenção.


Certo dia eu, num daqueles ataques de querer dizer uma resposta a alguém através de versos, liguei para esse amigo num momento, quase sempre, impróprio , perguntando pelo título e ouvir:


_ Nega, joga no Google... [barulho de copos e confusão ao fundo]:



_ Acrescento que o horário era impróprio e que a ligação foi afetuosa, como de costume na época.

Agora não sei o que mais sou capaz de "jogar no Google", agora não sei o que mais o Estante Virtual pode deixar de ajudar, agora não sei mais o que dizer àquele balconista do sebo na Av. Adhemar de Barros no centro de São José dos Campos.

Acendo mais um cigarro, nunca com pose de hermética, nunca com pose de intelectualóide, sempre admitindo que não li o xerox do Walter Benjamin, que preferi tomar uma catuaba na porta do Cabral:




e que, ali, se fala de amor sem ABNT.


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