13 de jan. de 2017

Ensaio Sobre O Silêncio

Qualquer cor que a tua voz elucida chama a cor que reflete na pupila. A cor que não vê claramente, mas que busca nítida memória daquilo que nunca pode ter acontecido.

_ Hoje meu irmão invocou: silêncio.

Pensar silêncio é fazer um estardalhaço com a cabeça. Silêncio é som que invoca, silêncio é plutão chamando o ferro pra dentro de si. 
Perceba que ninguém pode chamar a quietude sem se fazer inquieto. Berras silêncio e vem a imagem: Sol, campo calmo, Benjamin, um livro, gravuras, uma borboleta voando em 8.

Silêncio se lê. Silêncio página vazia pedindo os atritos atônicos -  o espaço e o planeta, seus pensadores e a agonia, a morte e as preces, as preces e a resposta que espreme no peito e volta pra dizer "amém".

Silêncio é nada, silêncio é a carta da namorada que foi extraviada pelo carteiro que assobia no semáforo.

Silêncio é agora o que você poderia ouvir se eu quisesse calar.

Ouça

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